domingo, 23 de novembro de 2008

A Corrida do Vento

O que afinal está acontecendo com o clima?? A Lucy, do Just Run, disse que o vento está atrapalhando os treinos dela. E o mesmo eu digo aqui. Só que a Lucy mora em Santos e eu em Pelotas! A globalização chegou ao clima?

Não lembro mais da última vez que passei um dia sem ouvir o vento uivando lá fora. Verdade que o clima está "bom", não chove, a temperatura está moderada. Mas venta. Venta sem parar. Venta todo o tempo. Venta a ponto de doer a cabeça.

E o que marcou a 4ª Etapa do Circuito CEFET de Corrida de Rua? Acertou quem pensou no vento!

Se a galera não já estivesse com paciência esgotada de tanto vento, acho que todos iríamos dar boas risadas do que víamos antes, durante e depois da prova.

Logo que peguei meu número (o 007, do James Bond), o papel saiu voando e tive que ir correndo atrás. Perto de mim, os voluntários tentavam erguer o pórtico da largada, sem sucesso. Depois me disseram que os soldados do Exército tentaram fazer o mesmo e alguns deles caíram sentados depois de outra tentativa frustrada de colocar o pórtico no lugar. Durante o percurso vi alguns cones de sinalização fora do lugar. Umas duas vezes vi os soldados correndo atrás dos cones que o vento levava.

A corrida era de 16 km, na forma de um circuito que totalizava 8 voltas.

A largada era no Parque do Trabalhador. Foi legal ver que a competição atraiu pessoas de Bagé, Ijuí, Rio Grande, Caxias, Gravataí . Atleta que é atleta vai atrás onde tem corrida! Para mim era uma alegria participar de uma competição que eu não precisava acordar às 3 da manhã :-)

Depois de erguido o pórtico da largada (finalmente!), saiu o grupo feminino. Alguns marmanjos desavisados largaram junto e tomaram vaia quando voltaram.

Largamos e logo em seguida entramos na avenida na parte a favor do vento. É curioso que quando corremos a favor do vento, não ouvimos nada zunindo nos ouvidos. Assim foi até o final da reta. Mas na parte da volta, contra o vento, a situação era caótica. Na foto, eu marquei em vermelho a parte da volta, eu a chamava de "reta do inferno". Parecia que cada passada, eu tinha que mentalmente pedir para o corpo mover as pernas. Além disso o circuito tinha duas subidas, elas não tinham nada de muito dramático, mas para quem está acostumado a treinar na pista plana, corria contra o vento e ter que fazer isso 8 vezes, ou 16 melhor dizendo, a coisa mudava de figura!

Assim, a corrida foi uma longa seqüência de retas rápidas com vento levando e retas muiiiiito demoradas com o vento contrário. Acho que para os corredores de elite esta corrida nem foi um bom termômetro para medir o preparo, pois bastava uma breve calmaria na "reta do inferno" e o cara ficava mais rápido, aliás, beeeeem mais rápido! Mas no meu caso, eu ia sofrer do mesmo jeito :-)

Bem menos preparado que na Meia-Maratona do Servidor Público, eu via muita gente me ultrapassar nas subidas, outros aproveitavam as descidas e me passavam também. Em corridas na forma de circuito, com muitas voltas, o cara que é pangaré com eu tem que ter muita moral para não desanimar vendo tanta gente ultrapassando!

Dona Endorfina apareceu lá pelos 25 minutos de corrida. Atletas conhecem seu corpo. Eu me sentia desajeitado e desconfortável, que saudade da Meia Maratona! Na 3ª volta disse para um colega da equipe: "a coisa tá feia!". E faltavam 5 voltas para terminar...

Na 4ª volta comecei a me perguntar se ia suportar outra metade da combinação calmaria/ventania desta prova.

Mas o legal que incentivo não faltou! Ouvia todo o tempo "Vamos Rodrigo!" "Pega água ali Rodrigo!". Na 6ª volta, acho que uma senhora sentiu pena de mim e perguntou: "Quanto falta meu amor?". Só tive forças para fazer um V com os dedos :-)

Quando completei a 5ª volta, lembrei que só ia precisar vencer a "reta do inferno" mais duas vezes! Comecei a me sentir um pouco mais animado...

Na última volta, um colega da equipe, pangaré como eu, me ultrapassou! Pensei em usá-lo como pacing, mas logo desisti. Era melhor deixá-lo ir, pois se eu tentasse, com certeza eu quebrava!

O ruim da última volta, era que tinha a última subida :-) Quando eu subi, eu sentia tanto meus tendões que parecia que eu estava parando. Entrei dentro do Parque do Trabalhador e ouvi a voluntária gritar, "número 7, funil". Oh...enfim cheguei...

O legal nesta corrida foi a faixa de chegada esticada para todos os competidores que chegavam, não importa a colocação. O que é justo, afinal o esforço é o mesmo para todos!

Meu tempo foi de 1 hora e 30 minutos. Meu podômetro marcava exatamente 10 milhas. Ele fala inglês e não usa o sistema métrico :-)

4 comentários:

  1. Olá Rodrigo,

    Aqui no Porto, quem corre perto da praia já está habituado ao vento Norte (aqui chamamos Nortada) e talvez por isso eu prefira correr sempre à Beira Rio.
    De qualquer forma acho que o aumento do vento é um fenómeno global que chega até a ser um pouco assustador...

    Gostei do seu relato da prova

    Um abraço

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  2. Depois dessa tu vai sair correndo toda hora que um ventinho soprar contra hahahahaa

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  3. aqui em porto alegre também tem feito uns dias de ventania. normalmenteé só nos dias que eu posso treinar, porque será hein?! =/

    não gosto dessa combinação de calmaria/ventânia. mas depois de uma prova como essa que tu contastes ai, acho que tu estas bem preparado pra qualquer prova, hehe

    abraço!
    Stéphanie

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  4. Olá Rodrigo,
    excelente relato de uma prova que não foi fácil mas se calhar por isso mesmo deu maior "gozo".
    Pois é, o vento, às vezes digo a pessoas que não correm habitualmente que a maior dificuldade é mesmo correr com vento (muito mais que com temperatura alta ou com chuva).
    Abraço,
    António Almeida

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